Não há dor que não se canse deste corpo de morte em transe, não há alma que não se desprenda, não há pecado que não repreenda esta consciência de mil toneladas. Deixei-te é fato, queimei sua foto, desfiz-me de detalhes, entalhes do que passou... e passou...
É que hoje as ausências são mais nítidas, as frutas são mais cítricas, a visão é mais crítica, as pontas dos dedos sentem até os poros, pêlos, espasmos do peito em coro, trêmulos lamentos em choro.
Há dez anos as folhas secas amontoam em meu jardim, há dez anos, quando deixou pra mim todos os longos dias do resto desta minha vida, os cafés da manhã sem gosto, os espelhos sem rosto, as noites perdida em uma cama vazia, mais fria que a lápide onde jaz minha alegria. Quem diria?
Que um dia troquei tua boca por mil outras?
Tua quentura por outra aventura?
Há dez anos que sobras de sombras me assombram
É que hoje o sol já invadiu minha janela e nela e, apesar dela, meus olhos se molharam, escorreram e destoaram da minha dura alma, mil raios estilhaçaram as vidraças em tempestade de cores, riscaram o céu azul de meu peito gélido, cálido, em coágulos escorridos, soluçando uma dor...
Então choveram tantos arrependimentos nestes dias que são noites, pois ha´dias que são noites, sem estrelas nem luar, há dias que é melhor pular...
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
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2 comentários:
Este seu novo blog está lindo e pelos textos promete um baú de preciosas gemas a quem aqui vier procurar... Carpe Diem.
Muito bonito. Gostaria de um dia, ser inspiração para alguém também. E poder marcar,no tempo que não volta mais,uma linda história. Nessa breve passagem,que chamamos de vida.
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