quinta-feira, 19 de junho de 2008

Aventura


Nós,

Pretensos amantes

Dois pontos eqüidistantes,

Duas notas dissonantes,

Espaço entre o depois e o antes,

Um desejo sem afeto

O “A” e o “Z” do alfabeto

Distância entre o longe e o perto

Eu, deste sonho, deserdo.

Sem mesmo beijar-lhe a boca

Estanco a emoção pouca

De tê-la no braço

Frágil como este laço

Que se desfaz ao meu contato

Escolho o real ao abstrato

E Troco

O embaço do meu carro

Com perfume barato,

Por amor e um contrato...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Despedida


Apesar da mão com a vontade do fechamento.
Aberta está para libertar-te, que voe...
E a mão arrependida da falta do esmague, fica inerte, escorrendo mesmo assim o sangue da intenção...

sábado, 7 de junho de 2008

Desfaço


O que faço eu, ao encarar a alma oculta que vive comigo,

que se deita ao meu lado com óculos de leitura,

que se aproveita da rachadura de minha armadura

e esparrama verdades dentro de mim;

Como posso viver assim?

Esta alma de espinhos compridos que estouram minhas bolhas de ilusão,

que me fala da arte que está estampada na palma de minha mão?

O que faz esta alma, que desprende as coisas que eu quero esconder?

O que faço eu, louca desvairada, remexendo nas intimidades desta alma de mil facetas,

E a cada face, outras vozes, outros dons, outros amores, outras cores sem fim?

O que faço desta maquiada alma sem camarim?

Como encará-la, vendo-a dividida, como descartá-la de vez da minha vida?

Sou um lenço constantemente acenando um adeus imaginário,

Esta alma não tem calendário, não sabe quando tem que partir,

E que não quero pra mim, não dividida assim...