sábado, 7 de junho de 2008

Desfaço


O que faço eu, ao encarar a alma oculta que vive comigo,

que se deita ao meu lado com óculos de leitura,

que se aproveita da rachadura de minha armadura

e esparrama verdades dentro de mim;

Como posso viver assim?

Esta alma de espinhos compridos que estouram minhas bolhas de ilusão,

que me fala da arte que está estampada na palma de minha mão?

O que faz esta alma, que desprende as coisas que eu quero esconder?

O que faço eu, louca desvairada, remexendo nas intimidades desta alma de mil facetas,

E a cada face, outras vozes, outros dons, outros amores, outras cores sem fim?

O que faço desta maquiada alma sem camarim?

Como encará-la, vendo-a dividida, como descartá-la de vez da minha vida?

Sou um lenço constantemente acenando um adeus imaginário,

Esta alma não tem calendário, não sabe quando tem que partir,

E que não quero pra mim, não dividida assim...

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