quarta-feira, 19 de novembro de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
FLAP 2008 - Viva La Conexión ...
www.flap2008.worpress.com
De 1º a 8 de agosto São Paulo, gratuito
Zona Franca nos remete à idéia da troca comercial entre nações e delimita um território onde há o estímulo à circulação do capital financeiro. A proposta da FLAP! 2008 é adulterar esse conceito, transplantando-o para contexto cultural. A exemplo do Festival Tordesilhas, que em 2007 propôs um amplo debate de autores ibero-americanos, a FLAP! alarga suas fronteiras, convidando para sua quarta edição mais de 20 escritores latino-americanos.
O programa traz uma semana inteira de eventos, com trocas de experiências entre diferentes gerações, saberes e lugares. Da zona leste a oeste, passando pelo sul e sem abandonar o centro, a FLAP! acontecerá em centros culturais diversos, estimulando o contato entre autores, produtores culturais, acadêmicos, estudantes e interessados em geral. Como essencial ao espírito do evento, permanecem a informalidade, os debates apaixonados e a ampla participação do público.
O portuñol será idioma oficial do evento, que por oito dias agregará uma comunidade cujo principal traço é o interesse pela literatura contemporânea e a sua relação com as outras artes. No melhor espírito 2.0 08 e com tecnologias simples, nada além de um blogue e uma webcam, os organizadores transmitem, ao vivo e com chat, discussões sobre o evento e leitura de poemas (via www.ustream.tv). Outra inovação é evidenciar a rede de blogues amigos, o uso do twitter e contar detalhes de "como se organiza o evento" nas postagens. Os convidados latinos também poderão escrever diretamente no blogue oficial do evento. Y viva la conexión!
Blogue: www.flap2008.wordpress.com
Programa: http://flap2008.wordpress.com/programacao-sp
Contato: contato.vacamarela@gmail.com
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Aventura
Nós,
Pretensos amantes
Dois pontos eqüidistantes,
Duas notas dissonantes,
Espaço entre o depois e o antes,
Um desejo sem afeto
O “A” e o “Z” do alfabeto
Distância entre o longe e o perto
Eu, deste sonho, deserdo.
Sem mesmo beijar-lhe a boca
Estanco a emoção pouca
De tê-la no braço
Frágil como este laço
Que se desfaz ao meu contato
Escolho o real ao abstrato
E Troco
O embaço do meu carro
Com perfume barato,
Por amor e um contrato...
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Despedida
sábado, 7 de junho de 2008
Desfaço
O que faço eu, ao encarar a alma oculta que vive comigo,
que se deita ao meu lado com óculos de leitura,
que se aproveita da rachadura de minha armadura
e esparrama verdades dentro de mim;
Como posso viver assim?
Esta alma de espinhos compridos que estouram minhas bolhas de ilusão,
que me fala da arte que está estampada na palma de minha mão?
O que faz esta alma, que desprende as coisas que eu quero esconder?
O que faço eu, louca desvairada, remexendo nas intimidades desta alma de mil facetas,
E a cada face, outras vozes, outros dons, outros amores, outras cores sem fim?
O que faço desta maquiada alma sem camarim?
Como encará-la, vendo-a dividida, como descartá-la de vez da minha vida?
Sou um lenço constantemente acenando um adeus imaginário,
Esta alma não tem calendário, não sabe quando tem que partir,
E que não quero pra mim, não dividida assim...
segunda-feira, 21 de abril de 2008
SEM PAR
na fresta dessa nossa porta,
- Quem se importa?
É sua frieza, neste mundo de giz,
é sua fala na boca da atriz,
disfarce em rosto de pedra,
Que não se afeta, não se contradiz.
É seu faz-de-conta que me aponta
e desfaz as contas dos muitos anos
que costurou nossos planos,
e me trouxe a certeza
de não te querer mais...
- Tanto faz?
A lua tem novas fases,
Na igreja tem mais milagres,
E seu lema não é minha religião,
Seu caminho não faz a direção,
Não preciso sentir nos meus sonhos
O abrigo tranqüilo da Dona Ilusão.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Monólogo de Malandro
Negra alma de voz em postas, negro jacarandá moldado por mãos de artesão em batuque e toque de dedos nas cordas de sua mão,
Lacrimeja poesia dentre a anomalia da dureza imposta em mesas dispostas e dores expostas.
É só swing, teretequê, a malandragem correndo em veia grossa,
Chapéu tapa-um-olho e rebola por seus dedos num balet tupiniquim...
Ninguém tem pena de mim, nem deste sorriso de dor que salta à boca entreaberta
E frios corações derretem,
Cada rosto pequenas emoções despertam gotas que escorrem,
Alça sua voz de mil trovões e se recolhe, como em puleiro, ao microfone quieto,
que aguarda seu lugar,
E desanda a cantar...
sábado, 5 de abril de 2008
Antiguidade
Ficava bem em meio aos pós, cá entre nós, modernos ou antigos, pós-partos, pós-infartos, pós-literários, pós-insustentáveis pelo ar, pó...
Quanto o tempo está marcado pelos pós, pós-musicais, pós-existenciais, entre o pó e o tempo, pós-invento, entre o pé de vento e o entretenimento do tempo... Deixado de lado a um pano de prato, um porta-retrato, pêlos de rato ou o fato, preso no farto pó do casaco...
Ficava bem em meio ao pós, cá entre os nós, de marinheiro, dentro do tabuleiro, bengala do cabideiro de séculos idos, revividos, sob os móveis antigos. Quem diria? Quem poderia no meio da velharia, ficar bem, cá entre nós, dos dedos negros do jacarandá.
O pó lhe caia bem...
Almas mofadas, guardadas em baixo das almofadas fadadas ao esquecimento, acordadas pelo atrevimento do restaura-a-dor...e dói a-cor-dar...
Ficava bem acordada, em meio ao pó... Ali parada, estática de dar dó...Ficava bem cá entre nós, entre a mobília que não era velha, mas antiga, porque tem gente que é velha, mas tem gente que é antiga, faltava-lhe um vestido, comprido, o jeans não lhe dava ares de atualidade, tinha sempre um ar de saudade, de que ficou pra trás a felicidade e uma gota de lágrima pendurada, ... que ficava bem mesmo em pó....
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
As freiras do Mosteiro da Luz
A terra foi depositada com amor, sobre suas sobrancelhas, nos lábios das freiras, na resignação de quem pecou e sabe...
Então ficou estática como uma pêra.
Não se sabe se por isso rezou, abraçou a jovem ternamente e rezou uma Salve Rainha, com seu terço de muitos anos.
Coroadas como Maria, com sapatos que não vão a nenhum lugar, com sapatos para deitar e chamar a escuridão.
A outra em pose fetal, de morte fatal...
As paredes se fecharam, as argilas secaram, os anos passaram, os rostos escaveiraram, as flores murcharam... E ao procurarem cupim, acharam...
Este foi enfim...
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u376378.shtml
Se foi...
É que hoje as ausências são mais nítidas, as frutas são mais cítricas, a visão é mais crítica, as pontas dos dedos sentem até os poros, pêlos, espasmos do peito em coro, trêmulos lamentos em choro.
Há dez anos as folhas secas amontoam em meu jardim, há dez anos, quando deixou pra mim todos os longos dias do resto desta minha vida, os cafés da manhã sem gosto, os espelhos sem rosto, as noites perdida em uma cama vazia, mais fria que a lápide onde jaz minha alegria. Quem diria?
Que um dia troquei tua boca por mil outras?
Tua quentura por outra aventura?
Há dez anos que sobras de sombras me assombram
É que hoje o sol já invadiu minha janela e nela e, apesar dela, meus olhos se molharam, escorreram e destoaram da minha dura alma, mil raios estilhaçaram as vidraças em tempestade de cores, riscaram o céu azul de meu peito gélido, cálido, em coágulos escorridos, soluçando uma dor...
Então choveram tantos arrependimentos nestes dias que são noites, pois ha´dias que são noites, sem estrelas nem luar, há dias que é melhor pular...